“Vi
ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando
achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O
bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
Não era um gato,
Não era um rato.
O
bicho, meu Deus, era um homem”.
Li
este poema de Manoel Bandeira, intitulado “O Bicho”, na 4ª série (o Novo 5º
Ano), na época, sentia esta realidade esporádica e praticamente um caso
isolado, imagino que quando Manoel Bandeira escreveu, ele falava de
desigualdade social, e da desumanização que alguns grupos da sociedade sofriam.
Tenho certeza de que se Bandeira escrevesse hoje, a sua dor seria maior, o seu
lamento seria maior, e o cenário seria o mesmo, um bicho, hoje, um ‘zumbi’.
Ontem
eu entrei no ônibus e 3 pessoas conversavam a minha volta, uma conversa ‘mole’,
a princípio, mas com o passar do tempo entraram em alguns assuntos relevantes.
Algo
me chamou atenção: No final, só vão sobrar as baratas e os ‘crackudos’!
Nas
suas palavras havia um tom de ironia, talvez para ressaltar o crescente número
de usuários de crack no Rio de Janeiro, ou por considerar que trata-se de uma
nova espécie, que não é humana, e nem animal, que é ‘zumbi’.
Há
uma cauterização da nossa mente, enquanto sociedade, desde a época de Manoel
Bandeira, para que não enxerguemos o que nossos olhos veem, o mal está aqui. Acredito
que não haja uma pessoa sequer, que viva no Rio de Janeiro, e nunca tenha
visualizado pelo menos um usuário de crack vagando pelas ruas. Todos tem sua
parcela de responsabilidade, o Governo, o Estado, o Legislativo, e nós, porém,
em uma ação orquestrada pelo conformismo e pela falta de crença na humanidade,
abandonamos nosso dever e fingimos que o problema não existe. É claro, que esta
situação não é tão simples de lidar, porém, não são as barreiras e empecilhos
que nos justificam.
A
igreja, enquanto instituição, busca, pelo menos na teoria, a elevação da
condição de seus membros e familiares, e em ultima instância de toda a
sociedade. Para uma ou outra igreja, o grau de prioridade vai variar, mas em
geral todas elas vão ter este pano de fundo. Agora, analisando esta mesma
igreja em um cenário transcendente, a sua função deixa de ser uma mera
atribuição, e passa a ser a razão da existência da igreja. Quando uma
instituição não faz o que se propôs, ela apenas se frustra ou se consterna,
agora quando a Igreja do Senhor Jesus, não faz o que ele manda, ela se desvia e
se torna uma meretriz.
Crianças usando Crack |
A orientação é a única forma de se evitar o crescimento deste mal.
Agora,
o que fazer com os que já estão no fundo do poço?
Não
dá pra atender as necessidades de todos os usuários sozinho, precisa-se de um
grupo, precisa-se de união, podemos melhorar a condição deste podres homens,
que caíram; mas sem esperar que eles mudem, ou que façam algo diferente do que
suas condições lhes impõe. Nos grandes filmes e seriados sobre o assunto, os
zumbis não raciocinam, não avaliam consequências, não medem esforços, eles só
querem uma coisa, “cérebro”, é a natureza deles. Se hoje, você decidir
trabalhar para o Reino, ajudando estas pessoas, faça sem achar que a gratidão
delas irá comover a mudança. SOMENTE o Espírito Santo pode mudar estas pobres
almas. Ore com fervor para que Deus mude seus corações, trabalhe com consciência
de que nosso trabalho não é vão no Senhor, faça o bem, sem olhar a quem, e sem
esperar NADA em troca.
Disse
Jesus “Assim conhecerão que sois meus
discípulos, quando vos amardes uns aos outros” Jo 13. 35
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